quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Despedida

Já perdi as contas à tempos das inúmeras cartas de despedida, que escrevi pra mim mesma, de dor por me ver só e sem sentido e esperança, ou apenas aquelas "fúteis"marcando o fim de mais um grande amor não concretizado; Parece hoje bobagem, mas ao escreve las, muitas vezes com a voz embargada e aquele aperto, a dor física que só a tristeza e desilusão sabe provocar, me parecia o fim pra mim, fim de algo que em algum momento acreditei, que seria até o fim.
Hoje apenas escrevo, pois assim compreendo, que com o tempo o frio na barriga o ciume e a dor de não ser, se vão e fica apenas o esquecimento, por vezes uma leve lembrança daquela história, mais uma que não foi ao fim, caminho e a busca por algo incompreensível ao meu pensamento prático, mas tão próximo de minha vontade continua, intacta.
Desistir de mim é apenas da boca pra fora, então a busca de reconhecer em um outro, em seus olhos o que vejo tão facilmente no espelho, mesmo com os olhos fechados é essencial sobre quem sou, portanto não é possível a desistência, mesmo diante do abismo e da desesperança do por vir, amar é  parte primordial da minha existência.   

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Lagrima de Laura









Preciso parir uma lágrima, de Laura a avó mulher forte que nunca vi chorar, penso que chorar é como desrespeitar cada cicatriz, é como se as feridas abertas temperadas com sal, que tiveram minhas ancestrais, que aguentaram a dor do estupro, de ver seus filhos e companheiros vendidos ou mortos sem derramar uma lágrima, chorar é desrespeita isso no meu inconsciente, agora consciente.
Engolir o choro se tornou a forma de não sentir, de sobreviver a isso, se não engolissem o choro, não teriam sobrevivido e eu não estaria aqui, contando essa história agora, não existe essa mulher forte em mim eu simplesmente reproduzo a força que vi e vejo nelas, não sentir foi resistência e ainda preciso resistir por que a chibata ainda me ataca e por vezes ainda preciso não sentir.

Não quero mais ter que ser forte. Só quero chorar, sem ter medo que esse choro custe a vida de muitos além da minha própria. quanta responsabilidade carrega a lágrima de uma mulher negra, minha lágrima pode se tornar  um rio, de todos os choros que as que vieram antes de mim engoliram e engoliram até parecer que não sentiam mais nada, mas a dor, essa sempre esteve aqui, preciso reaprender a senti la pra louvar a memória delas. Aprender a sentir de novo, uma estória de sentimentos interrompida. Está no meu (odu) caminho aprender a amar, e me deixar cuidar e ser amada e quem sabe ai conseguir chorar outra vez.